Escola Estadual Profa. Judite Oliveira
Ano letivo: 2013
Autora: Profª Sandra Maria Xavier Beiju
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Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé (...)
Castro Alves
Aracaju – SE, novembro de 2013
JUSTIFICATIVA
No dia primeiro de
janeiro do ano em curso foram completados dez anos de aprovação, no Brasil, da
Lei Federal 10.639/03. A aprovação desta lei foi um avanço, fruto de lutas
históricas travadas por vários grupos do movimento negro nacional,
reivindicando um espaço instituído legalmente para o estudo, debate, pesquisa e
produção de conhecimentos escolares sobre a história e cultura Afro-brasileira.
Em junho do ano 2004, O Conselho Nacional de Educação – CNE – aprovou a
Resolução no. 01, estabelecendo Diretrizes curriculares específicas para essa
área. Pois bem, o espaço está legalmente instituído, porém ainda não “reconhecido
e consolidado” através das práticas pedagógicas escolares. Continuamos
indiferentes a existência da Lei 10.639/03, seguimos a margem dela, e, passamos
os duzentos dias letivos, sem mencionar qualquer conteúdo relacionado à
história e cultura afro-basileira. De quem é a responsabilidade? Não é tarefa
desse projeto apresentar respostas a essa questão. No entanto podemos afirmar
que existem órgãos centrais de educação, inclusive com a prescrição
constitucional de elaborar e executar as políticas educacionais, e na maioria
das vezes, esses ditos órgãos não primam por observar a legislação vigente,
especialmente no que se refere a conquistas que mexem na estrutura conservadora
que ainda predomina nas referências de currículo vigente nas Redes de ensino
pelo país afora, inclusive de Sergipe. Observa-se um vácuo imenso no empenho,
por exemplo, para produção/impressão de material de estudo que deveria chegar
às escolas, nas salas de aulas, nas mãos de professores e dos alunos. Os livros
didáticos adquiridos pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD/MEC –
direcionados aos anos iniciais do Ensino fundamental são omissos, no seu
conteúdo programático, em relação à História da África e Cultura afro-brasileira.
Falta uma ação efetiva e sistemática de formação continuada de professor com
estudo das temáticas estabelecidas no texto da lei. Não nos referimos a
“atividades eventuais” como palestras, seminários, exposições. Falamos de
formação contínua e permanente que deveria acontecer todo ano, com uma agenda
amplamente divulgada nas escolas e horários que mobilizassem o maior número de
participação dos docentes e demais profissionais da educação nas atividades de
formação/estudo.
Ante o exposto cabe destacar
que a referida lei precisa sair do papel e de fato, tomar lugar nos currículos
em execução nas escolas brasileiras e em especial de Sergipe, visto que como o
próprio texto legal afirma trata-se de resgatar a contribuição do povo negro
nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil. Talvez
se diga que no ensino médio há estudos sobre esse conteúdo na disciplina de
história, mas isso é pouco. Trabalhar a proposição da mencionada lei em uma
disciplina curricular não responderá ao objetivo maior: transformar a
concepção, a visão que temos da África e dos povos africanos trazidos ao Brasil
como escravos e do próprio processo histórico da escravidão, que no nosso país,
durou mais de três séculos. Mais de trezentos anos de massacre (genocídio),
tortura e sofrimento impostos a seres humanos, somente por terem diferenças na
cora da pele, no fio do cabelo, na expressão facial. Faz-se necessário que as
Redes de ensino assumam essa proposição no currículo geral e coloque-a em lugar
de destaque. Estudar e pesquisar sobre a história de cultura afro-brasileira
tem que fazer parte do Plano de trabalho de cada escola e não ficar restrito a
lembrança de uma data no mês de novembro. Defendemos ainda que estudar sobre a
história e cultura afro-brasileira, é tarefa escolar a ser iniciada nas séries
iniciais do ensino fundamental, fase da vida importante para construção de
identidade e consolidação da auto-estima de crianças e adolescentes. Nesse
sentido esse projeto será desenvolvido em turmas do primeiro ao quinto ano do
fundamental na Escola Estadual Profa Judite Oliveira, no mês de novembro do ano
2013 e tem por objetivo principal construir conhecimentos e aprendizagens sobre
a que contribuam na formação crítica do alunado no que se refere a uma parte
muito importante da história do Brasil e da formação do nosso povo: formação
genética, econômica e cultural.
OBJETIVO GERAL
Pesquisar, estudar,
debater e apresentar elementos básicos sobre a História e Cultura
Afro-brasileira, visando conhecer uma face do nosso passado que ainda precisa
ser entendida e que poderá ajudar crianças e adolescentes construírem suas
identidades de origem africana.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Localizar a África na
geografia do mundo – A África enquanto continente explorado e colonizado pelos
povos da Europa;
II – Pesquisar países
africanos de língua portuguesa; e suas relações com o Brasil;
III – Pesquisar conceitos
de palavras relacionadas aos povos africanos – escravidão / escravos e outras;
IV – Compreender a origem
e o significado do Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro. Como
surgiu? Por que surgiu?
V – Identificar palavras
de origem africana no nosso vocabulário corrente;
VI – Pesquisar elementos culturais de origem africana,
presentes na nossa vida atual; (música, ritmos, comidas, festas populares)
VII – Debater caracteres físicos dos povos africanos e sua
presença no povo brasileiro; (cor da pele, fio do cabelo, nariz, boca, sorriso,
olhos)
VIII – Evidenciar, nos alunos e nas alunas, as belezas de
origem africana – a mestiçagem;
IX – Identificar na região nordeste, os estados que mais
receberam povos africanos feito escravos:
X – Identificar regiões no Estado de Sergipe onde houve
maior presença de africanos escravizados;
XI – Contribuir para a uma compreensão crítica sobre o
legado econômico, político e cultural deixado, no Brasil, pelos povos
africanos;
XII – Compreender criticamente informações sobre o
processo histórico da escravidão dos povos africanos no Brasil;
XIII – Pesquisar sobre o Quilombo dos Palmares;
XIV – Estudar a história de Zumbi dos Palmares;
CONTEÚDOS
Origem do 20 de novembro – Dia Nacional da
Consciência Negra;
O Continente africano na geografia do mundo;
Países africanos de língua portuguesa;
Cultura afro-brasileira: música, danças, Culinária,
vocabulário;
Estados da região nordeste que tiveram maior
presença de africanos escravizados;
O Quilombo dos Palmares: história, localização;
História de Zumbi dos Palmares;
O tempo da escravidão;
Escravidão em Sergipe.
METODOLOGIA / ATIVIDADES
Aulas expositivas;
Leituras de textos;
Músicas;
Pesquisas orientadas;
Filmes sobre as temáticas;
AVALIAÇÃO
Participação nas diversas atividades;
Prova escrita;
Exposição coletiva dos conteúdos estudados: cortejo
no pátio com alegorias contendo nomes dos países africanos de língua
portuguesa;
Declamação de poesia;
Leitura de texto informativo;
Peça teatral.
ANEXO - I
LEI No 10.639 - DE 9 DE JANEIRO DE 2003 - DOU DE 10/1/2003
Altera a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e
dá outras providências.
O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1o A Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes
arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art.
26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura
Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se
refere o caput deste artigo incluirá o estudo da
História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
História do Brasil.
"Art.
79-B. O calendário escolar incluirá o
dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
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