sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E agora?
* Sandra Beiju

“A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu (...) E agora?” Senhor Prefeito de Aracaju, por favor, responda-me: qual é a vossa Política de Educação? Ou melhor, Vossa Excelência conhece a Política de Educação vigente no município que administra? O que há referente à formação continuada de professores? Esse item está “prescrito” em todo texto legal no campo da educação, e nos discursos de gestores públicos em período eleitoral. Vossa Excelência poderia apontar a política concreta nessa área, durante o tempo que ocupa a cadeira de prefeito? Quanto a prefeitura de Aracaju tem investido em educação? E na educação infantil, qual o investimento nos últimos 05 anos? Por que a capital, com Sistema de Ensino formado por profissionais titulados e comprometidos, não consegue ser uma referência para Sergipe? Por que possui um Índice de desenvolvimento da Educação – IDEB, tão baixo? Antes de Vossa excelência emitir publicamente opinião sobre essa questão, pare e veja o que vem acontecendo na educação pública de Aracaju. Não insista no “velho discurso” de atribuir a responsabilidade pelo fracasso, unicamente a escola e aos seus profissionais. A vossa secretária de educação anunciou logo que tomou assento na cadeira, a implantação do Ensino Integral. Cadê esse projeto? Até hoje nem um tímido ensaio foi posto em prática. E essa é uma política urgente e necessária, devendo ser iniciada na educação infantil. Não há como se melhorar IDEB em qualquer sistema de ensino, sem elevar a educação das crianças ao patamar de respeito, atenção e qualidade pedagógica que ela requer. As pesquisas mais avançadas dão conta do quanto é importante o processo de desenvolvimento emocional e intelectual infância. Há uma dívida histórica do poder público para com a educação de crianças pequenas. Ela sempre foi relegada a último plano, “não há dinheiro” para investir em material didático, em formação continuada de profissionais, em construção de prédios escolares bonitos, lúdicos, confortáveis, funcionais e atrativos. A prefeitura de Aracaju “inovou” no ano 2008, efetuou a compra, sem qualquer “cerimônia” de um pacote didático a Editora Positivo, ou seja, terceirizou o pedagógico, ao invés de reconhecer, potencializar e valorizar o que vem sendo produzido nas escolas, preferiu comprar “pronto” algumas apostilas impressas e encadernadas em espiral, com a capa e contracapa ilustrada com belas fotografias da nossa cidade, é só o que tem da nossa terra. Vossa Excelência poderia informar o valor pago por esse pacote? Qual o impacto na aprendizagem das nossas crianças? Parece que o único mérito é ser material impresso para manuseio das crianças. Esse contato e experiência contribuem para que se apropriem da compreensão do que seja a escrita e aprendam a diferenciar escrita e oralidade, sobretudo crianças pobres, que vivem infâncias difíceis, sacrificadas e sem acessarem livros no seu grupo familiar.
A educação está abandonada, especialmente a destinada à infância. É um paradoxo falar “capital da qualidade de vida”. “Qualidade de vida” para quem? Que sociedade pode ter “qualidade de vida” se não garante cuidados, atenção e educação de qualidade as suas crianças? Prefeito, ouse! institua a escola integral, a infância de Aracaju precisa dela. Busque recursos junto aos “primos ricos”. Ao invés de escola infantil e escola fundamental “apartadas”, criem-se Centros de Educação para a Infância, nos quais as crianças ingressarão na educação infantil e permanecerão até fechar o ciclo inicial do fundamental. Invista na formação continuada de professor, em especialidades essenciais para ensino/educação de crianças. Isso poderá melhorar o nosso IDEB. Comprar pacotes didáticos é “jogar” o dinheiro do povo nos bolsos de comerciantes de educação. Educação não é mercadoria, é um bem cultural e social.

* Professora do Sistema de Ensino de Aracaju, e da Rede Estadual.

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